
O PROFESSOR EXPOSTO: A QUALIDADE E O PERFIL DOCENTE DESNUDADOS PELO COVID-19
Em texto anterior afirmamos veemente que a Educação Superior nunca mais seria a mesma após a Pandemia do COVID-19. Essa afirmação veio sob vários argumentos que se basearam em um novo cenário construído a partir de uma nova dinâmica mediada pelas Tecnologias da Informação Comunicação (TICs) a que, emergencial e obrigatoriamente, viram-se obrigados alunos, professores e sociedade a se adaptarem rapidamente.
Neste contexto, as aulas mediadas por TICs trouxeram à tona um problema sério para todos os envolvidos na educação e que merecerá um debate educacional, filosófico e prático: quais as qualidades essenciais de um professor universitário?
O corpo docente das Instituições de Ensino Superior (IES) privadas, em sua maioria, é constituído por um grupo de professores selecionados a partir de características que buscam o equilíbrio entre a titulação, o conhecimento profissional e a didática, aspectos estes que nem sempre são passíveis de verificação em uma única prova didática ou teórica.
Assim, com o advento das aulas remotas (aulas online), que acabam sendo gravadas ou assistidas e reprisadas várias vezes por gestores, os professores agora observam a sua performance desnudada e aberta de maneira total para além do conforto e da discrição da sala de aula.
Com isso, gestores já começam a assistir horrorizados performances que permaneceram por anos na discrição das salas de aulas e no silêncio de aprovações e boas notas dos alunos. Cabe agora saber se a análise dos gestores acerca da qualidade das aulas remotas reflete realmente a realidade docente e se os professores são exatamente os mesmos em frente ao computador e dentro de suas salas de aula - Esse é o primeiro questionamento a se fazer.
Indiferente a isso, cabe aqui o exercício prático e emergente, tanto para gestores, quanto para alunos e professores, de releitura das aulas gravadas. Vale a pena neste momento assistir diversas aulas e anotar os pontos positivos e negativos, refletindo sobre o que deve ser alterado ou mantido nas exposições de conteúdos e discussões didático-conteudistas.
Nunca antes o Ensino Superior foi capaz de oportunizar que pudéssemos ter acesso ao ensino-aprendizagem de maneira tão clara e concreta e, finalmente, determinarmos, onde queremos chegar e o tipo de profissional que queremos formar.
Para os alunos, talvez seja o momento traumático de entender que o “bom professor” não é o amigo que lhe aprovou no semestre, tampouco aquele exigente ao extremo que lhe cobrou tudo sobre a disciplina ao ponto de que teve que “aprender na marra”, mas talvez o equilíbrio entre esses dois pares docentes.
Talvez chegamos à conclusão de que o “ser professor universitário” não está ligado a uma questão “vocacional docente”, afinal formamos profissionais e não outros docentes por meio dos cursos de bacharelado e de outras profissões que estão ligadas aos meios produtivos de bens e serviços.
Por fim, este texto não tem a intenção de elucidar nada, mas de instigar uma discussão que agora se tornou possível com uma nova realidade. Então, meus caros gestores, professores e alunos: mãos à obra e vamos assistir às aulas online e tirar nossas conclusões para futuras discussões no âmbito deste texto, pois é a tempestade perfeita, porém, positiva, para podermos mudar os rumos da tão criticada qualidade do Ensino Superior no Brasil.
Prof. Dr. Malverique Neckel
Consultor e Diretor Geral da EDUFOR